ITANS DOS ORIXÁS


Onira, tradução em yorubá: senhora ou rainha de Ira.



Esse caminho está ligado ao culto de Oyá, porém é um orixá próprio, que foi atribuído ao culto de Oyá. Onira é companheira de Opará, contudo aparece algumas vezes na figura também de mãe de crianção de Logun, porém acredito que seja Logunere, quem criou Logun, e não Onira. Senhora dos ventos, Onira é dona do vento que faz curva, por isso alguns fundamentos desse orixá são feitos em barrancos e falésias. Associada a água, por sua ligação com Oxum, Ogum e Oxaguiã.


Onira e Oxum

Onira era um bela jovem, sua beleza encantava a todos, porém isso incomodava Oxum, pois Onira se vangloriava de seus dotes o tempo todo. Um belo dia Oxum, manda Exu ir até um aldeia muito longe, próxima a costa, pois ela ouviu falar que existia um espelho, que ficava escondido entre as areias brancas de Olokun, esse espelho na verdade era uma concha que refletia o lado mais escuro e escondido de alguém. Então assim fez Exu, que demorou dias em busca do lendário espelho. Então ele retornou para o reino de Oxum e entregou a ela a peça. No mesmo dia Oxum chamou Onira para que pudesse passar um dia com ela, e então as duas conversaram, comeram e ao cair da tarde, Oxum disse a Onira, que Exu havia lhe trazido um espelho que demonstrava a verdadeira beleza, Onira ficou super curiosa de pediu a Oxum para ver , e então Oxum, muito esperta deu a ela o objeto, nesse momento Onira se viu feia, deformada. Triste e envergonhada ela saiu correndo e foi chorar a beira de um riacho, vendo aquilo, Olorun fica penalizado e decide dá uma lição em Oxum. O senhor do orun, então funde o espíritos das duas, onde uma dependeria da outra para tudo, e que uma não comeria sem a outra, e assim até hoje, Oxum Opará e Onira caminham juntas, inseparáveis.

Onira e o rei de Irá


Na cidade de Ira, morava o Alafin Ira, o rei de Ira, que tinha muitas esposas, porém não tinha amor por nenhuma delas, as achava burras porém elas eram ótimas tecelãs, e mantiam a economia do reino.

Então ele chamou seu Conselheiro e pediu que fosse a todas as aldeias atrás da mulher mais bela e prendada. Então o Conselheiro seguiu de aldeia em aldeia atrás da suntuosa esposa que Alafin tanto queria, após andar muitas léguas, o Conselheiro já com sede, viu de longe uma jovem, carregando na cabeça uma trouxa, então ele correu em direção a ela e pergunta se ela tem um pouco de água para lhe dá, a moça no mesmo momento tira de dentro da trouxa, uma cabaça com um pouco de água, vendo a atitude doce e gentil, o Conselheiro consegue vê que a moça era nobre, além de bela, porém só faltava o principal, o fator que a diferenciasse das outras. Ele decide então conversar com ela, e a leva imediatamente para a cidade de Irá, chegando lá, todas as canditas mostravam seu dotes ao rei, e quando chegou a vez da moça, ela se apresenta ao rei:
 - Sou aquela que será a rainha de Ira, sou filha do vento e da água.
 - E tú o que tens a mostrar? - Diz o rei sem muita paciência.
 - Sei que o povo de Irá é famoso por seus tecidos de cores diferentes, porém não conseguem fazer todas as cores - Diz ela de olhos baixos
 - Como ousa dizer isso, não existe no mundo quem consiga reproduzir as cores que existem na natureza.
 - Sim, existe alguém capaz disso! - Fala a moça.
 - Então mostre!
 - A moça tira de sua trouxa o camaleão, e o coloca em cima de sua roupa e o animal então se torna da mesma cor, e assim em tudo que ele encosta.
O rei fica maravilhado com a inteligência da moça, e a torna a rainha de Ira, sendo chamada a partir daquele momento de Onira.

Conta-se um outro itàn, que existia nas terras de Irá, uma linda moça chamada Onira, ela sempre comandava seu povo com sabedoria. Mas, ela tinha um grande problema: adorava lutar e se sentia bem em matar seus inimigos. Onira era descontrolada quando tinha em punho sua adaga de guerra.

Certo dia enlouqueceu de vez, chegou a um vilarejo e matou todos que ali encontrou. Os sábios da cidade de Irá resolveram procurar Osáàlá para que Ele na condição de Rei, mandasse que Onira parasse de matar. Onira recebeu o recado que Osáàlá queria vê-la e foi até Ilê Ifé (palácio de Osáàlá). Chegando lá, Osáálá assustou-se, pois as roupas de Onira eram vermelhas, de tanto sangue de suas vítimas. Ela ajoelhou-se e perguntou o que o grande Rei queria. Osáàlá mandou que trouxessem uma grande quantidade de Efun (seu pó branco sagrado). Pegou seu pó e jogou sobre Onira. Na mesma hora suas vestes de cor vermelha, tornaram-se rosa, por causa da mistura do pó branco com o sangue. Então, Osáàlá ordenou que Onira não mataria mais ninguém, e que ela jamais vestiria vermelho em publico, e que rosa seria sua cor, e como ela era uma moça tão quente,que fosse morar nas águas junto com Òsún. E lhe disse:

_ Onira minha filha, és uma moça tão bela, tão doce, por que matas?

Respondeu Onira:_ Sinto-me bem quando tiro a vida de alguém, mas sei que isso não é certo.
Foi então que Osáàlá teve uma ideia.
_ Já que você gosta de lidar com a vida e com a morte, você terá junto com Oyá o domínio sobre os Eguns. Não tirarás mais a vida de ninguém, apenas irá conduzir os que já se foram.
_Está certo Osáàlá, seu desejo será realizado, mas não tire de mim minha adaga.
Osáàlá disse:_Pode deixar, mais agora vá morar na cachoeira com Òsún.

Onira obedeceu a Osáàlá, foi morar na cachoeira. Chegando lá Òsún ria e debochava dela, mais resolveu ser sua amiga. Porém, Onira muito mal humorada, não queria papo. Até que um dia, Onira adormeceu sobre uma pedra, olhando Òsún banhar-se, as águas da cachoeira subiram e Onira estava morrendo afogada, Òsún vendo o que estava acontecendo, mergulhou e foi salva-la. Chegando lá Onira estava quase morta e Òsún resolveu fazer um feitiço e na mesma hora Onira reviveu e transformou-se em uma espécie de lava que correu rio a fora. Onira transformou-se em um rio de fogo. Òsún pensou que Onira havia morrido, chorou por horas, sem saber o que diria a Osáàlá, já que ele a incumbiu de tomar conta da moça atrevida.

Foi então que surgiu uma borboleta linda, de cor salmão com tons alaranjados, que voava ao redor de Òsún. Ela tentou pegar a borboleta que voou para dentro da floresta, Òsún seguiu a borboleta que parou em frente a uma árvore e tomou a forma da linda Onira.

Òsún não acreditava no que via, e Onira lhe disse:
_ Por que choravas minha amiga, estou aqui viva, e graças a você!
_ Graças a mim porquê Onira? Eu não fiz nada.
_ Na hora que eu estava morrendo você fez um feitiço e dividiu comigo todo seu encanto, agora sou uma ninfa (mulher encantada), assim como você, tenho poderes de transformação.
Posso ser um rio de fogo nos meus momentos de ira, posso ser um búfalo quando eu quiser ficar sozinha, e me transformar na mais bela borboleta quando estiver feliz.
E Onira foi até Osáàlá lhe contar o que havia acontecido, ele ficou feliz mais sabia que toda esta mudança jamais acalmaria Onira, e que por dentro ela ainda seria aquela guerreira incansável. Mandou então que ela fosse morar com Oyá e aprender a dominar os Eguns. Depois, Onira mudou-se e foi viver com Osóòsi e como ela foi criada por caçadores, sabia caçar como ninguém.

E Onira morou com quase todos os Òrìsás, aprendendo tudo que eles sabiam fazer.

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